sábado, 11 de outubro de 2008

UNA LETRA HERMOSA (ANA C.)


Tu estavas para chegar. Numa providência, desapaixonei-me, num risco, numa frase: Não adiantam nem mesmo os bilhetes profanos pela grande imprensa. Saudades de Catarina impecável riscando o chão da sala. Perdemo-nos, é tardíssimo, um deserto industrial com perigosas bocas imperguntáveis. Atenção, estás a falar para mim, sou eu que estou aqui, deste lado, como um marinheiro na ponta escura do cais. É para ti que escrevo, hipócrita. Para ti – sou eu que te seguro os ombros e grito verdades nos ouvidos, no último momento. Jogo-me aos teus pés inteiramente grata – bofetada de estalo, descolagem lancinante, baque de fuzil.
É só para ti y qué letra tán hermosa, pratos limpos atirados para o ar, circo instantâneo, pano rápido mas exacto descendo da tua cabeleira de um só golpe, e o teu espanto!

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