quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Poeta sem face

Não me lembro
que rosto tinha
o ano passado.
Se este aqui
que me fita
no espelho
é o mesmo da foto
na parede.
Sei não.
Irreconhecíveis marcas
brotaram.
Desconfio desse rosto
que me olha
Sem nunca dormir.


Soluços sufocantes
estrugem pelo quarto vazio.
Cama e tapetes
vazios.
Tempo- espaço
corpo-alma
vazios.



Estalou direto no rosto
Não era estalo de beijo
como acostumara ouvir.
Não era estalo de voz
que sussurra doces palavras.
Era mesmo estalo de mão
estalo de acordar para vida.
Era mesmo bofetada
da tal vida.
Chibatada de carrasco
no meio do lombo
da escrava.
Era estalo repetido
estalo já bem conhecido.
Estalo com som de lágrima.
Estado com som de adeus.

Poema Tristonho

Água, elemento vazio.
Estalactites pendidas
pela marmórea face.
Pálida lua sob
a cabeça
faz sombra.
Receita de brevidade:
fugaz passagem pela vida.
O livro de anotações
manchado na bancada
da copa.
Caiu a gota
derradeira.