quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Até  os ossos doloridos
 de seguir resiliente.
Nos dias em que o oprimido,
Ignorante, é  complacente.
A carne dura que tremula
Tal qual  flâmula no mastro
Dor escamosa que perdura
Nesse rito, cíclico,  nefasto.

Não  se engane, meu estimado leitor,
Que seja chama extinta em quatro anos
Há séculos,  sua carne é  ofertada
Há mil e quinhentos um sangue inunda panos
O mercado cresceu em disparada
O tempo tirou açoite, tem teclas o feitor.



sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Por vezes, desejo ser diferente:
Ser menos gente
Ser mais bicho.
Selvagem,
Sem  amarras.
Mais bicho,
Livre de medo,
De apego.
Ser vento...
Folha seca no chão.
Ser chuva.
Embaixo do chuveiro,
Um poema passou
E me acenou.
Senti os pingos
Desenhando na pele
As palavras desprendidas
Da memória.



domingo, 19 de agosto de 2018

Desfila seu ego
Arrastando pelas vielas,
Arrancando árvores,
Estourando as calçadas
Com sua empáfia.
Pesadamente,
Caminha pelos corredores
Empinando
Sua boçalidade
Com o nariz.
Tinha um riso 
Bonito...
Olhos de encanto...
Esmagou com o ego.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Dedos moles
embriagados de samba,
De bossa, fossa e vinho.
Desperta dos sonhos
Sabendo que lágrimas
Ainda vertem,
Enquanto Maysa canta
Sua solidão...
E minha.


domingo, 12 de agosto de 2018

Flores e encantos
Iluminando o dia.
Um pássaro matutino anuncia
O prelúdio da manhã.
Despertei úmida do relento
E de olhos brilhosos,
Cabelos soltos contra o vento,
Reflexo dos últimos dias.
O pássaro está cantando cá dentro
Meu corpo sente
A melodia das folhas:
Sinto calor,
O Frio e aconchego
Um misto bom
De alegria e medo.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Jantar

Romeu fitou-me os olhos
Com seu olhar vil;
Enchendo a taça e
exibindo-se qual bicho no cio.
Casa enfeitada,
Música escolhida,
louça perfeita...
doença intocável.
Ah, Romeu!
Criando expectativas...
O beijo,
Seria eficiente.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

A madrugada faz
companhia á solidão.
Lamber as feridas
Enquanto se abrem novas.
Cobertas por máscaras
De porcelana,
Protegidas pelas camadas
De couraça,
Mais fundo que
as crateras vulcânicas,
Lá estão as dores
Que não devem ser tocadas.



quarta-feira, 4 de abril de 2018

Já não escrevo cartas: de amor ou desamor;
Nem bilhetinhos ou frases.
Dedos endurecidos, pelo tempo
Ou preguiça.
Suspiro profundo, somente o tédio.

Àridos terrenos
De terra estéril e
Campos desertos.

terça-feira, 3 de abril de 2018

As palavras saem secas
Cobertas com gotas de amargura.
Língua abrupta em desferir
Sons rudes e agruras.
Perdi a sutileza
em alguma esquina da vida;
O encanto, a doçura.