sábado, 22 de fevereiro de 2014

Crises balzaquianas
soprando aos ouvidos,
sussurrando defeitos
que jamais foram percebidos.
Invisíveis imperfeições
que só o olhar
furioso de uma dama
pode avistar.
Núbio olhar
confundido pelo
astigmatismo.
Nenhum membro
aparente falta-lhe.
Nem órgão interno
que acuse em raio-x.
Somente engolida
pela submissa
fronte popular
que dita as regras.
Envolvida pela
fineza do belo,
pela ilusão e júbilo
do fácil elogio.


Silenciar
por um instante:
talvez por horas
ou dias inteiros.
Cá fora calado
tentando ouvir
o tilintar da alma.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Bocejos de espera
na mesa de escritório
A agonia da longevidade
das coisas.
O barulho interminável
das  batidas
saindo do peito,
pelos corredores ecoando
e quebrando o silêncio.
A espera: uma indesejada
fera corroendo o tempo.
Longo expediente,
um segundo apenas
de satisfação e passa.
Passa, indiferente
à ensurdecedora
batida do peito.
Passa, com seus
olhos de lince.
Passa, com seu sorriso
luminoso.






segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

No escuro do quarto
entre o silêncio de suas paredes
aguardava.
Olhos fixados no teto
lacrimejando espera.
Desejos de solidão
minutos de vontade
por um segundo de olhar.
Tempo corrido em
meses.
O Sertão invadindo
cada gota de lágrima.
A espera infundada.
Da Fortaleza,
a mais frágil porcelana
quebrada em mil partes.
Fragilizada, sutil...
A longa espera
por seu toque
de luva branca
e espada.
A longa espera
por sua voz de comando
em franco-português.
Sonhos de uma noite
carregados em baú
com chave e segredo.