domingo, 25 de setembro de 2022

 Me partiu em tantas partes

Seu abraço delirante

Se seguiu de uma noite

De frieza ignorante.

Feriu meu ego e pele

O cantinho ali da alma.

As partes mais protegidas

Que mantinham minha calma.

Sorrateiro foi chegando

Se alojou em meu prazer,

Se vestiu de ovelhinha

Destruiu o meu querer.

Não me sinto mais inteira

Nem tampouco alegria

O que era brincadeira

Revelou ser fantasia.

Só que daqui pra frente

Prometo a meu coração 

Que não olho, nem sustento

Amor por esse vacilão.

Meu corpo será uma pedra,

Minha alma uma geleira,

Que não derrete nem quebra.

Acabou-se a brincadeira!





terça-feira, 21 de junho de 2022

As cartas de amor que escrevi,

as que guardei em cofrinhos secretos,

as que criei embaixo do chuveiro e

nunca transferi ao papel.

As cartas de puro amor que recebi,

de palavras eloquentes e juras febris.

As cartas de amor que queimei

sem nunca enviar,

as que li e reli de olhos úmidos.

As que pressionei entre falanges,

causando castigo às palavras inocentes

que escorriam entre os dedos.

São a medida da alma,

as palavras são como a espuma que escorre

no banho, brumosa e límpida, 

espiral rumo ao ralo.

O que importa se não as escrevi?

Ou se não as enviei?

Ou se as camuflei em poemas dispersos?

Importa a mim sentir: 

que sou feita de pele,

osso e carne trêmula!

Movida a sonhos e talhada em desejos.





quinta-feira, 26 de maio de 2022

Há dores que o tempo não cura.

Lembranças marcadas a ferro,

Na pele e nos ossos encrustadas,

Tristezas tão profundas,

Criando ecos e reverberando 

Em cada canto da alma.

Há gritos amarrados atrás da língua,

Sufocados por palavras mortas,

Que saem automáticas pelos lábios secos.

Nem dor, nem prazer, 

Só um corpo se arrastando

Com alma dissecada pelas vielas escuras.







quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Sinto saudade das folhas caídas

do seco e bom de pisar.

Sinto vontade da vida

da chuva em gota a molhar.

Do livre e repleto de cheiro

som ventilado do ar.

Do carinhoso beijo inteiro

na face o lábio roçar.



domingo, 9 de janeiro de 2022

Um olho no futuro
outro olho no passado
rosto sem olho
mãos trêmulas.

              dedos em riste
              unhas roídas
              pele enrugada
              carne trêmula.

                         quedas, desabafos,
                         solidão, mágoas
                         migalhas, medo
                         inércia, loucura.