segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Incognita

Sim
tô.
Sinto, sinto, sinto...
Nada.
Não sinto, não sinto.

domingo, 20 de setembro de 2009

Reflexão

Tem dias que as pessoas se mostram transparentes,
limpidas como água de mina,
mas na maioria deles a obscuridade paira.
Os humanos tem um defeito:
valorizar aquilo que não tem
ou perdeu.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Eu levo o seu coração comigo (e. e. comings) tradução de Regina Werneck

eu levo o seu coração comigo (eu o levo nomeu coração) eu nunca estou sem ele (a qualquer lugar que eu vá, meu bem, e o que que quer que seja feitopor mim somente é o que você faria, minha querida)
tenho medo
que a minha sina (pois você é a minha sina, minha doçura) eu não queronenhum mundo (pois bonita você é meu mundo, minha verdade)e é você que é o que quer que seja o que a lua signifiquee você é qualquer coisa que um sol vai sempre cantar aqui está o mais profundo segredo que ninguém sabe(aqui é a raiz da raiz e o botão do botãoe o céu do céu de uma árvore chamada vida, que crescemais alto do que a alma possa esperar ou a mente possa esconder)e isso é a maravilha que está mantendo as estrelas distanteseu levo o seu coração ( eu o levo no meu coração)

domingo, 13 de setembro de 2009

Necrológio dos desiludidos do amor

Os desiludidos do amorestão desfechando tiros no peito.
Do meu quarto ouço a fuzilaria.
As amadas torcem-se de gozo.
Oh quanta matéria para os jornais.

Desiludidos mas fotografados,
escreveram cartas explicativas,
tomaram todasas providências
para o remorso das amadas.
Pum pum pum adeus, enjoada.
Eu vou, tu ficas, mas os veremos
seja no claro céu ou no turvo inferno.

Os médicos estão fazendo a autópsia
dos desiludidos que se mataram.
Que grandes corações eles possuíam.
Vísceras imensas, tripas sentimentais
e um estômago cheio de poesia...

Agora vamos para o cemitério
levar os corpos dos desiludidos
encaixotados completamente
(paixões de primeira e de segunda classe).

Os desiludidos seguem iludidos,
sem coração, sem tripas, sem amor.
Única fortuna, os seus dentes de ouro
não servirão de lastro financeiro
e cobertos de terra perderão o brilho
enquanto as amadas dançarão um samba
bravo, violento, sobre a tumba deles.
(do Grande Poeta Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A VOZ

segui umas pegadas na areia
que levavam a um lugar estranho
e dentro de uma gruta escura
havia uma luz morena.
uma voz melodiosa que me puxava pro fundo.
como encanto de sereia, hipnotizava...

ouço sempre esta voz me chamar
e sinto que nos últimos tempos
se aproxima cada vez mais...
está em todos os lugares
na minha cabeça,
soprando no vento,
entrando pela janela do meu quarto,
quando atendo o telefone...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Fúria

Me iluda sempre, com mentiras boas,
me livre da verdade que corta e rasga.
Não me nega nada,
não me tire o doce
que você meteu na minha boca.
não me diga nada,
se for pra dizer tudo.
quero ser iludida com mentiras boas.

quero ser pra sempre
seu amor eterno
sua amante louca
sua fêmea solta.
quero ir pra perto
e sentir seu cheiro.
e morrer na água
que cai de sua boca.

Me tire do sério
me bata na cara
me provoque, mesmo.
diga ser meu homem.
Mas nunca se esqueça
que eu sou felina
que eu dou o troco
que arranho e mordo,
mas depois eu sopro.
me iluda sempre, com mentiras boas...

Castigo

De repente nua,
na rua
ali ao meio-dia.
De repente nua, crua
você me deixou
despedaçou, despetalou.
De repente solta,
você derrubou
a carapuça, carapaça
rasgou a couraça.
E a nudez perplexa,
perversa, desconexa.
e para que quero mais?
já basta.