sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Amor?
Sabe-se lá o que significa.
Não  há  mais espaço pra amar
no mundo moderno.
Amor, prateleira
com corpos a disposição
para escolha e deleite.
Amar, ilusão passageira.
Cada um é um universo
de segredos e desejos
não  ditos.
Os homens são frios,
As mulheres de plástico,
E as paredes sensíveis.
Moderno é  ter mil possibilidades
E nenhuma, no mesmo segundo.
Ultimamente me pergunto:
O que estamos fazendo?
Para que serve esse corpo vivo?
Qual o propósito dessa vida?
Em tempos difíceis
De descrença, solidão e maldade.
Para que serve estar viva?!
Movendo nossos passos pelos caminhos:
Acordando, dormindo, acordando...
Mecanicamente,
A vida segue seu rumo.
Poesia, alivia a dúvida ou
Piora as dores?
E o mundo?  Torna-se leve
Ou ainda mais cruel?

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Sentir a cada instante
Um suspiro,
Um Gesto.
O cheiro amante,
O palpitar da pele.
Suave hábito.
Respiro ofegante,
O olhar que revele.
Meus olhos denunciam
Os desejos na alma
A mão, suave toca
Por fim, é calma.

terça-feira, 21 de maio de 2019

Tempo de ostentar
Alegria para os outros.
De felicidade em fotos
De sorriso desenhado
E carinha feliz
Para mascarar a tristeza.
É proibido não  ser feliz!
Fatos importante da tarde vazia
Atualização da xícara de café
E da tarde gourmet.
Página fútil organizada
Em esquema de cores.
Cartaz de "sou feliz"
Colado nas costas
Para o desfile do feed.
Algodão e água para tirar
A maquiagem da rede social.





As tardes são pálidas
E o rio corre mais fluido.
Ventos gélidos  cortam e
Esvoaçantes fios se enlaçam.
Há punhais fincados,
 as costas sangram.
Correm longas correntes
De sangue rubro pelo chão.
Há vida após os trinta?
O medo existe
E não é  tão generoso
Quanto a dor.
Há luz,
Mas não nesse corpo.
Há dores,
Caos,
Sólidas  camadas.
Há música,
Sempre de se partir ao meio.
Há riscos,
Nãos e sins
Sem proporção.
Existo,
Mesmo sem desejar.
Não há.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Aquele teu cheiro
faz um reboliço:
inunda, corpo inteiro,
tornou-se vício.
O sal de tua pele,
De pretas marcas...
A tua voz me impele
A loucuras fartas.
Aquele teu olhar
De perdição,
Em perpendicular
Me rendo, é chão.




quarta-feira, 3 de abril de 2019

Cá dentro
Treme o verso
Sintomático
Verso brusco
Estéril, volátil
Bóia no ar
Dos pulmões:
triangular
Som de porões.
É sopro
Entre falas
Mar revolto
Em calcárias
É verso
Nem reverso
Tampouco anverso
É verso!

sexta-feira, 29 de março de 2019

Bateu à porta,
Era Madrugada e meia
Romeu sisudo,
Abriu de um sorriso,
Amarelo,
Quase combinou com os olhos.
Chegou mansinho
De membro em riste
Partiu meu sorriso
Ao meio:
Meia hora de abuso,
Humilhação constante.
Levantou,
Pavoneou sua calda
Pelo quarto.
Saiu sem dizer palavra.
Romeu engoliu,
Abruptamente,
Minha Dignidade.


Temor,
Meu corpo treme
E amolece
Sucumbe a dor.
Frio,
Olhar pequeno
amarelo-verde
Vazio.
Calor,
Esquenta o peito
Sua a mão
É amor ou dor?



Perco o sono
Quando pesadelos
me invadem:
suas faces
suas peles...
De textura
De sonho e
Sombras.
São dores,
Medos,
Frustações,
Agonia.
São olhos,
É cheiro,
É voz,
Cama fria!


domingo, 24 de março de 2019

Enfiando as mãos pelos cabelos,
Sigo vida a dentro
Rasgando os cachos.
Que pensamentos tem?
Acredita ser superior:
De sua empáfia
E agonia;
De sua beleza
De olhos profundos.
Pele derretida
Em seus dedos.
Intermináveis  madrugadas
E segredos que nunca
Serão contados.
Sopro entre dentes perfeitos,
Entre lábios  que guardam
Beijos perigosos.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Sigo passarinho,
voando de galho em galho,
entre ninhos.
Cantando pelos ares:
Sozinho.
Traçando meus caminhos.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Por entre dedos
Escorre a força,
A magia da vida.
Escorre seu líquido
Espesso e visceral.
Escorre a dignidade
A esperança do porvir.
Escorro com pele,
Sangue e saliva.
Escorre seu desejo,
Espalha sua lascívia.
Por entre dedos
Vejo seus olhos.
De mistério e medo.
Sua boca de palavras
Estranhas e confusas.
Seus sins e nãos
Por entre dedos...

Pele estica,
Cabelos crescem
Unhas se regeneram
A cada ciclo.
Sinto a dor da ancestralidade:
O arrepio de medo
E sufoco
Desse corpo feminino.
Os sentidos reconhecem
Cada parte torturada,
Cada cabeça decaptada,
Milhares de corpos queimados.
Sinto a dor das ancestrais,
Das guerreiras do passado.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Ouvir música,
afundar o rosto no cobertor
Pra tentar esquecer:
A tarde
O dia
A vida.
Nem sei o que...
Chorar baixinho,
Verter água até secar.
Depois, acordar.
Sorrir.
Ciclo infinito:
Viver, desviver, reviver.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Antes eu chorava,
E, agora, não  durmo.
Alma rígida.
Petrificada cada gota.
Rosto de mármore.
Sofrer já  não  é  permitido.
Omito dores,
Troco as máscaras
E sigo de queixo  em riste.

Janeiro

O ano iniciou mais lento
Mais sombrio,
Insustentável...
Janelas abertas
Para ver o sol.
Adega aberta
Para suportar
Mais uma manhã.
Janeiro chegou:
Sorrateiro,
Úmido,
Apavorante.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Janeiro de 2019

Os dias escorrem pelas crateras da rua
Entre galhos e folhas secas.
Janeiro chegou sorrateiro
E decepcionante.
Estáticas,  as horas espiam
Meus olhos
Carregados de gotas flutuantes.
Corro os dedos sob a tela fria
São palavras:
Coisas não ditas,
Figuras que nada dizem.
Janeiro chegou:
Úmido,
Silencioso,
Apavorante.