sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O nome da casa onde morou é casa-solidão.
Os quartos guardam suas pontas de unhas nas paredes.
As lágrimas escorrem pelas ranhuras da cerâmica.
O cheiro ocre do medo paira sob o telhado.

CASA INABITÁVEL.

Fantasmas do passado instalam-se atrás das portas.
E mil noites sombrias ainda passam pelos canos.

domingo, 28 de agosto de 2016

Romeu fitou meu rosto
com seu olhar mudo
e contaminou meu pensamento.
Inquieta, passei um mês
sem fechar os olhos.
vidrada em seu olhar fulminante.
Tremulando seu cigarro
na ponta dos dedos,
me indicou o caminho.
Deitei-me no chão-imundo.
Entreguei-me por inteira
à sua lascívia.
Freneticamente,
penetrou-me o corpo
e sutilmente sugou-me a alma.
Até a explosão de êxtase.
Romeu passou a mão
pelos negros cabelos
e sumiu na luz da porta.
Quero antes a ira dos pecadores,
a raiva doentia dos ímpios,
á bondade ignóbil,
à doce face da sutileza fingida.

Quero a fome dos glutões,
muito além dos finos pratos
de entrada, (vazios)
com cover de vento
e sobremesa
sem calorias.

O desejo
a voluptuosa fome
ninfomaníaca
Ao virgem
corpo que anseia
por um toque
em sonhos.

O mais verdadeiro
mundo:
doentio,
violento,
Sujo.
Verdade nua,
pulsante,
crua.



sábado, 27 de agosto de 2016

Horas tediosas,
os dias alongam-se
por meses,
anos,
décadas,
nada é modificado.
Existência inútil
das coisas:
Objetos acumulados,
livros,
pessoas,
poesias.
Insalubre vivência
de embriagadas
noites frias.




quinta-feira, 23 de junho de 2016

Aqueles olhos
tentadores
dominando os meus.
Entrando sem licença
rasgando espaços.
Amêndoas,
saborosas
amêndoas.
O olhar
por um segundo toca
o outro olhar:
um fio de tesão
corta-me a espinha.
Morder o lábio
ou mordê-lo.
Sair de fininho
beijando o ar.
Contando
passos
pelo corredor.
À espera de um sinal:
grito,
gemido,
toque...
uma ordem que seja.







A estátua presa em suas formas
perfeitas de cera e cerâmica
vive contente
com sua vida inerte.
Nem ama
Nem deixa de amar.
Pois, as duas formas de vida
são solidão na terra.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Há beleza na pureza
dos olhos opacos
de gueixa,
Fatigados olhos
Fio de brilho
profundo.
Sinceridade de
tristes olhos.





A procura de um lar
que aconchegue
meus sorrisos
e me abrace
em dias
de lágrimas.
A velha casa
já não faz
refúgio para
as minhas dores.



sábado, 2 de abril de 2016

Frias as pedras
não movem-se
sob os pés arrebatados.
corre
corre
ligeiramente
os olhos entre frestas.
faixas de luz
iluminando,
às vezes,
as rachaduras
envolventes do rosto.
magro, quadrado.
Romeu coberto
de lembranças.
soberba face
e mesmo olhar.
distante.
sob som e
silêncio.
penumbra e
feixes de luz.
dança seus passos
avançados
de dor.