quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Juju
Baila pela chuva
afundando os pés
no chão lamacento.
Branca Juju
esvoaçando
entre os pingos.
Encharcada
de lua.



Jubiléia
Dorotéia
Que nomes são esses
chamando num tormento?
Letreiro luminoso
na entrada do bairro
Luzes e,
possível salvação.
Jubiléia?
Doroteia?
Contos de fadas
e vilões.
Historia de amor,
futilidade
Quem são?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Depositou a mão
no peito e apertou,
mais que podia,
externar o aperto
no peito.
Fingiu não ser nada.

O ponteiro das horas
apertava o tempo
contra a parede.
Fingiu não ser nada

Fingir,
o homem de rosto franzino
não suporta mais fingir.
Fugir
sempre com o cigarro
entre os dedos
pra poder fugir.

Está testando
os limites.
Seu corpo
Seus sentidos
Sua dor.



Do alto,
Sob a névoa,
Olhos vermelhos
espreitando
as coisas,
as casas.
Os amantes
nos becos,
os coitos.
Num ritmo frenético
acende-se
um ponto de luz,
Apaga, acende
apaga...
Romeu na torre
Estremecendo.
Olhos esbugalhados
trepados na torre.
Insônia e ventania.
Sopro de brisa,
Nuvens passantes,
Romeu escureceu.





quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sabia que não era ideal,
Mas as cadeiras da casa espalhavam-se
preenchendo os espaços.
Vazios enormes abriam-se
dentro de Romeu.
Flores vermelhas no jardim.
Uma ferida aberta na perna
sangrava,
escorria pelo chão.
Sentou-se entre as cadeiras
Não pensou
Apenas fitou a sua dor
de longe.
Sorriu
Desesperadamente
Sorriu
Loucamente.
E o eco de sua voz
Voltava-se contra Romeu.
Rasgando e rasgando
ainda mais
suas chagas.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O lençol felpudo engoliu seu corpo.
E refestelou-se.
As estrelas sob sua cabeça,
o firmamento negro.
O frio,
A chuva.
Desejo e lascívia.
Uma gota de amargura
pingando no chão do quarto.
E um rio inteiro de lembranças
abundando a alma.
Olhos vermelhos
e boca suspensa no ar.
Mil maneiras de sentir vontade
e saliva envenenada
escorrendo por baixo da porta.
Relógios derretidos
e ponteiros paralisados.
E no centro,
por dentro de tudo
Romeu, de dedos trêmulos,
Fumava um charuto,
Fitando a vida como nunca antes.
Saiu sem olhar para trás.
Caminhando pelo corredor 
Ladeado de cores.
Árvores,
Folhas secas revoavam pelo caminho.
Romeu solitário.
Depositou as mãos 
dentro do bolso
E suspirou enfadado.
O caminho cada dia mais longo,
estreitava-se a cada passo.
Já não sentia vontade,
apenas o vento soprando 
em seus cabelos.
Apenas a sombra 
dos troncos gigantescos
que cobriam seu rosto
como monstros mitológicos.
A alma em retiro.
O pensamento vago.
Romeu redemoinhando
entre as folhas amareladas.