quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

AmArte

Nada tenho
de meu
a não ser
a minha arte.
Mesmo
o que prometeu
em pouco meses
se parte.
Enlouqueço
empobreço
enriqueço...
empobreço
A arte não
me abandona
não se importa
com meus gritos
não se aflige
com meus passos.
Não há egoísmo
não há sonhos
que não me caiba.
Sou feita
sob medida
para a necessidade
precisa.
Talhada no gesso
e moldada na madeira.
Não há tempo perdido
nem amor não correspondido.
Durável
amável
fiel
sem
prazo de validade.
Dilemas femininos preenchem meus pensamentos: que roupa terei no armário, as unhas estão por fazer, a depilação não está em dia. Mamãe pergunta semanalmente que dia irei me casar. Preciso mesmo fazer as unhas, penso. Corto legumes e, ao som da faca na tábua, perco-me em mais conjecturas: as contas para pagar, por menores do trabalho, a festa da última semana... Mamãe não sabe, mas pretendo comprar uma bicicleta, tem muita valia no verão.