terça-feira, 13 de julho de 2010

VISITA

Em uma manhã como outra qualquer
acordei com os olhos trancados de secreção,
devido a intensa febre noturna.
Quando consegui destapar os olhos,
na porta do quarto me aguardava uma imagem
de fumaça cinza, com ar angelical e infantil.
Não pronunciou uma letra sequer,
apenas me apontava o caminho do quintal.
Por  um instante senti receio em aceitar o convite,
mas mesmo assim, sedi a minha curiosidade.
De pijama, fui para fora.
E a ilustre visita sumiu entre as grandes árvores.
Saí meio acordada, meio sonâmbula
entre as mangueiras.
E, ao longe, ele me chamava com gestos,
e sempre que me aproximava,
a figura desaparecia.
não calculei o tempo que durou o jogo.
A imagem, não sei onde se escondeu,
talves, na infância, atrás de uma árvore grande de mangueira.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

LEMBRANÇA DE INFÂNCIA

Lembranças velhas de infância bateram hoje à porta.
E trouxeram a imagem da moça do guarda chuva bordado.
Uma branca moça de vestido a moda século dezoito.
Imagem branca, quase fantasmagórica.
que de seu guarda chuva em punho,
olha fixamente para o infinito.
De cima da velha mesa da cozinha
e, já com um pedaço da base roída,
pelo tempo ou pelas quedas,
olha e observa, infinitamente.
Onde andará seu pensamento?
Será que tem alguma história secreta
guardada nas anáguas de seu vestido?
Quem será esta moça do guarda chuva bordado?
De certo tinha algum segredo a contar,
mas sua boca de plástico nunca se abriu.
Somente o seu olhar, infinito e sombriu
ficou guardado na memória, entre os velhos
brinquedos sujos de terra.