segunda-feira, 20 de setembro de 2021

 Sopro


Ar que sai pela boca.

Um folgo,

pronto, acabou!

Era vida pela manhã,

a tarde, restou o corpo.

Uma pena 

voando pelo céu

acompanhando o vento.

Centelha de ar,

Restou o mundo.

Amanhã tudo estará igual.

A vida: sopro,

vento que passou,

saracoteou nas saias das moças,

e se foi!

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Canto noturno

Sinto dores terríveis nas costas

E, periodicamente, na alma.

Não é dorzinha de fácil cura

É dor intensa, sem trégua ou calma.

É, sobretudo, da carne tortura.

Essa dor não cabe cá dentro,

Ela ecoa, voa com o vento,

Alcança limites e fronteiras

Corre montes, vales, cordilheiras.

Há tempos, ensaio um canto

Para acalmar as noites de pranto.

Que eu mesma me embalo

Noite adentro, no silêncio ressoa

O sons da minha voz num badalo

Que reticente cântico na madrugada entoa.


quinta-feira, 3 de junho de 2021

Tempo é bagagem,

pesado fardo 

no leve arrastar de chinelos.



Mãe d'água

Mãe d'água, líquida parideira,

nascente das nascentes.

Seus filhos escorrem entre valeiras,

quedam em pedras, formam cachoeiras,

rio, riacho, córrego, ribeira...

Vilhena, mãe d´água, cabeceira.

No Barão do Melgaço, o Comemoração, 

tesouros milenares descobriu Rondon,

as minas, aquelas do Urucumacuã.

Mãe d´água, paisagem do cerrado,

os filhos escorrem entre pedras:

o Roosevelt, o rio da Dúvida,

traz histórias em suas águas.

Tantos, tantos são seus filhos,

nem todos sadios e limpos,

mas persistentes ao jugo humano,

Pires de Sá, o filho urbano ,

vestido pelo progresso em tristes trajes,

das puras águas, restam lixos nas margens.

E outros tantos que ainda brilham

sob a luz do sol, em largo espelho,

meneando a terra, o Rio Vermelho.

Caudaloso e sem trégua,

no Mato Grosso, o Iquê deságua.

Ávila, Apediá, Cabixi, Piracolino...

Filhos dos Parecis, 

nascidos em leito genuíno.


Publicado na Antologia Vilhena: entre encantos e verso. 2º lugar no Concurso "Conhecer Vilhena" organizado pelo Instituto Federal de Rondônia em 2020.