segunda-feira, 20 de setembro de 2021

 Sopro


Ar que sai pela boca.

Um folgo,

pronto, acabou!

Era vida pela manhã,

a tarde, restou o corpo.

Uma pena 

voando pelo céu

acompanhando o vento.

Centelha de ar,

Restou o mundo.

Amanhã tudo estará igual.

A vida: sopro,

vento que passou,

saracoteou nas saias das moças,

e se foi!

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Canto noturno

Sinto dores terríveis nas costas

E, periodicamente, na alma.

Não é dorzinha de fácil cura

É dor intensa, sem trégua ou calma.

É, sobretudo, da carne tortura.

Essa dor não cabe cá dentro,

Ela ecoa, voa com o vento,

Alcança limites e fronteiras

Corre montes, vales, cordilheiras.

Há tempos, ensaio um canto

Para acalmar as noites de pranto.

Que eu mesma me embalo

Noite adentro, no silêncio ressoa

O sons da minha voz num badalo

Que reticente cântico na madrugada entoa.