domingo, 17 de novembro de 2013

um domingo
tão igual
sem sol
ou mesmo sal,
dia de lágrimas
e vento
dia de sopro
e lamento.
domingo natural,
sem lenço,
documento,
mas, com calças
no varal,
secando
a vida
com o tempo.
domingo tenro
doce,
talvez até
meigo,
sem emoções
ou razões
para sentir medo.





Se houvesse um recomeço,
talvez seguisse outra trilha
ou sabe-se lá por onde andaria
esses pés cansados...
Essas retinas
talvez enxergassem
outras paisagens,
quem sabe...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Seu olhar é fogo sob vento.
Não julgue, apenas sinta.
Não pense, se precisar, minta.
Faça, venha cumprir o que seus olhos prometem.
  
  

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Saudades da infância... de ouvir meu irmão cantando essa música  no chuveiro, enquanto eu brincava na sala... Saudades do amarelo frio do piso, da casa de madeira, das jacas caindo lá fora em explosões de gomos... da pequena TV preto e branco, de Mary Poppins... do calor aconchegante que faz lá em casa.

Poesia Arrependida

O melhor mesmo era
Nunca ter saído de casa
Naquele setembro.
Do sorriso
Cada dente
Ainda me lembro.
E houveram
Ainda Julhos
Mais recentes.
Cá dentro,
Tanto barulho,
Batuque latente.
Quando passa Outubro
Quase me mudo
Volto pra casa
Com uma lágrima
Descendo a face.
Subo a ladeira
Da saudade
Há mais de dez anos

Cultivada.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

...qualquer coisa
que quebrasse o silêncio:
uma palavra, um gesto
ou um xingamento.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A mulher enamorada
pela lua
sonhou alcançar o céu
tocar-lhe
as faces pálidas.
Em vão, enganada
em tristes sonhos
de noites enluaradas.
A mulher perdida
em sua loucura
enamorada pela lua
corria a cidade
de seios ao vento:
toda nua...
Inacessível
devaneio,
como Ismália
que enlouqueceu na torre,
alçou voo
rumo ao infinito.







Anjo caído

O feito errado
foi-se junto
com os ponteiros
do passado.
Olhar à frente
ou virar estátua de sal...
Nada mudou
a não ser eu.
Um Anjo me parou,
ousou e se perdeu.
Ao fim do beco,
cavei outra saída
em suas asas me perco
por uma despedida.
Voltar ao céu
de medíocre vida
para uma nuvem de mel
para as carícias da azeda querida.





terça-feira, 13 de agosto de 2013

Desejo

Devoradores
seus olhos
me espiam
nas curvas,
nos becos.
Os lábios
Secos
Sorriam,
lembrança
da noite de
ímpetos.
Há bocas
no ar
beijando
meu corpo.
Morenas
bocas
multiplicadas
em sopro
nas madrugadas
serenas.
Doce
Mandacaru
com olhos
suaves.
Senhor
dos sonhos meus
os mais graves
pecados são teus.


domingo, 21 de julho de 2013

Derrière

Há mutantes
que se amalgamam
em seres
terrivelmente
monstruosos.
Doces
olhos
probos,
pele
de lobo.
Ah, hidra.
Sorriso
de anjo
preparando
a mordida.
Há segredos
guardados
em suas
histórias
de fadas.
Há um mau
escondido
atrás
da Bíblia
sagrada.
Ao evangelho
recorrer
e mascarar
seus desejos
être pris derrière.
Fale,
grite,
gema
seu secreto
amor ao mundo.
Mais verdade
em seus
lívidos olhos
os tornariam
mais profundos.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Voando
alto
leve e flutuante.
Capacidade
de ir até
a lua.
Nem paixão
Nem ódio
Nem amor.
Felicidade
pura e natural.
Riso
verdadeiro
de peito
aberto
ao vento.
Saboreando
cada sopro
como
se último
fosse.



Bis

Deliciosos
beijos embriagados
roubados
madrugada inteira.
Com dúvidas
e depósitos
a serem feitos.
A doce língua
perdeu-se,
entre
meios
meias
shorts
e saias.
Maliciosos
olhares
devorando-se
noite inteira.
Pele a pele.
Apelos
de desejos
guardados.
Não há
como devolver,
nem que quisesse,
suas carícias.
Nem como apagar
as palavras.
sussurradas.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Verdes

Os olhos
não mentem.
Seu olhar:
boca
devoradora
tateando
parte a
parte
do
meu corpo.
Não me culpe.
Não negue.
Seu corpo
cumpriu
o que
seu olhar
prometeu.
Não diga
que não.
Que não
pode ser meu.
Nossos segredos
foram
emoldurados
em ferro
como os beijos
da noite proibida.
marcados
em minha pele.


terça-feira, 9 de julho de 2013

Madrugada e meia dose

As estrelas
consolam 
os tristes sorrisos.
A tequila
aquece 
as almas
cansadas
pálpebras
ébrias,
embebidas
em lágrimas 
velhas.
Sentimento
doentio
só mais
uma dose
cura.
Poesia regurgitada
com pedaços
de comida
ainda
vivos.
Vermelha carne fresca
e sorriso
aberto
levanto a cabeça
e sigo 
cambaleante:
aqui e ali.

sábado, 15 de junho de 2013

Tristes notícias
invadiram a madrugada
sem licença alguma
reviraram meu quarto,
minha confiança,
remexeram as emoções.
Notícias
velhas,
frescas
ou mofas
sempre causam reações.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A poesia sufocou-me
as entranhas.
E as palavras
estranhas
provocam-me
a glote.
Enjoei-me.
Cuspi fora
verso por verso.

Senti saudades
de Romeu.
Sentado a beira
da cama
acariciando
meu rosto,
enquanto fingia
que dormia.
Ouvir sua voz
fria
dizer te amo.
Romeu
choroso
me pedindo perdão
na cama
depois de me amar
furiosamente,
deixando
marcas pela casa.
Romeu embriagado
gritando meu nome
pelas vielas da cidade,
pelos bares.
Senti saudades
de Romeu menino
brincando
de esconder...
de esconder
segredos.
Senti saudades
de Romeu...

terça-feira, 28 de maio de 2013

Jogo

Cana,
verde-cana
pendem-se
das pálpebras
semi serradas.
Rios
e rios
de arrepioo
sucumbem
ondas,
férteis ondas
do ventre
estéril.
Infinitos calores,
incêndio
na superfície
da pele.
Carinhos furtivos
sem um único toque.
Saída,
carinho de olhares.
Doma meu desejo
toma meu segredo
Sinto ser sonho
claramente, sei.
Hirto,
olha sem ação.
Devaneios,
Apelos,
Compromissos,
Laços...
Desenlace
insaciáveis desejos
segredados
ao olhar.

terça-feira, 14 de maio de 2013

"Bom mesmo é se re-inventar
todos os dias
de cara nova,
de sapatos novos
ou apenas com
energia renovada.
Liberdade pra
sonhar e fazer
o que quiseres,
há de ser tudo na lei,
como diria o Raul".
Energia -
definida assim
a externada loucura.
Companhia.
Mas para que
tanta censura?
Doçura
como mil sóis
tocando o céu
da minha boca.
A sós,
entre tensão
e vontade louca.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

A felicidade não é um sorriso congelado no rosto,
nem belas fotografias pousadas e arrumadas num programa
de edição de fotos.
A  felicidade é um estado de espírito,
um sentimento.
Acontece internamente,
é individual.
O sorriso congelado no rosto
e toda essa aparência
se chama representação.
Adoro representar,
mas isso eu guardo
para o teatro.
Na vida real
eu prefiro extravasar:
Chorar sim
Sorrir sim,
Mas só quando tenho
vontade.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Gargalhadas estridentes
ecoam pela sala vazia.
Riso entre dentes
Riso solto
Gritos de agonia
Riso louco.
Romeu caminha
em passos largos,
gestos esparsos,
sinistro olhar.
Vingança?
Indagava sem parar.
As paredes
respondiam
trêmulas:
Vingar!






terça-feira, 30 de abril de 2013

Mito

Ouvir o uno nome saltar
da boca de uma porca
É como ver um colar
de pérolas negras
adornando a anca
de um hiena.
Ouvir o nome meu
proferido pela boca
de um molúsculo gastrópode
foi como ver Orpheu
ser esquartejado
por uma Mênade.
A língua salivante da hidra
cospe chuva de veneno
Para mostrar que fala
o nome do amante estrénuo.


domingo, 14 de abril de 2013

Distante de mim
não sou metade
do que fui.
Olhando pra você
de longe
sinto meu pé
arder.
A velha chama
que queima
os meus olhos.
Fria,
a noite
me consumiu:
olhos fundos,
pele fosca.
O corpo
reclama
o que falta
à alma.
Calma.
Inquietude
e lamento
Formam
um só pensamento.
Mão
se espalma
sobre o peito.
Nada mais frio
que meu leito.



terça-feira, 9 de abril de 2013

Não se engane
com as estrelas:
brilham,
reluzem,
encantadoras.
lindas.
Mas nunca
poderá tocá-las.
Estão muito
além do alcance
de suas mãos.
No fundo
são só rochas,
nada mais.
As estrelas
trazem paz,
suspiros de amor
Mas, não se engane.
São só rochas.


domingo, 7 de abril de 2013

O ontem
não apavora
meus passos
por mais
que fiz ou faço.
A cabeça
entre os joelhos,
disfarço.
Ninguém me
importa
além da
minha fronte.
Saia,
bata a porta
subamos todos
o nosso monte
e abramos
os abraços
ao infinito,
á libertária voz
da luz eterna.



quarta-feira, 3 de abril de 2013

Sim
há muito espero
talvez
coragem necessária
para fazê-lo
desde
a remota
infância
me sussurram
essas sílabas
vez em quando
me sopram
ideias
........


segunda-feira, 25 de março de 2013

Tango
maldito
que maltrata,
mata,
mistura
o suor
e a saliva.
Arranha:
ardência
e prazer.
Tango
infame,
impuro,
deliciosamente
libertino.
Tango
maldito,
bendita
seja
a mão
que
te compôs.


domingo, 24 de março de 2013

Tamborilam
do lado de fora
meia dúzias de
gotas sinceras
que caem aos poucos
nas gigantescas
folhas plantadas
à janela.
Som invasor
que atrapalha
o silêncio...
Única nota
de alegria
permitida
no crepuscular
domingo cinzento.



quarta-feira, 20 de março de 2013

Sepulcral
silêncio inundou-me
silencio de quem
morre um pouco.
Meia colher de sal
amarga a minha boca
porção de veneno
diário
monetário
otário.
Junta-se tudo
na panela de barro
passa um laço
de fita vermelha
acrescenta-se
duas orelhas
e um chumaço
de unhas.
Faremos todos
uma porção
de amargura
para obter a cura
da nossa
total
falência.

terça-feira, 19 de março de 2013

Estrelas azuis
posaram no meu quintal
vestidas de luz,
com auréola angelical.
Fizeram festa
pra me sussurrar
bem depressa
Segredos guardado há mil sóis:
"que todo brinquedo
feito sob os lençóis
eram apenas enredo".





quinta-feira, 14 de março de 2013

"Estou juntando meus cacos espalhados pelos cômodos,
minúsculas partes de mim que se misturam com a poeira
passar cola ou durex e fazer remendo bom, há sempre
um jeito de fazer cicatrizar" 
Penetra pelas frestas
de meus olhos
uma insistente luz
sólida, translúcida.
Claramente
convida-me,
mas eu não quero
segui-la.
Não insista,
o destino
já traçou
obscuros caminhos.
Trancou as portas
da alegria
e diluiu meus sonhos
em ácido.
Esqueça
essa bobagem
tomemos mais
um gole
e brindemos
à noite longa,
à insônia.


Rendo-me
à companhia perfeita:
fino, frio,
mas quente por dentro.
Os dedos entrelaçam
sua anatomia fina
a presença
que não
se vai
a companhia
que não abandona
não decepciona
não sai.

terça-feira, 12 de março de 2013

O mundo bonito
está quebrado
em mil cacos
de barro.
A vida boa
evapora
na fumaça
do cigarro.
A felicidade certa
errou
e sumiu num beco.
A mochila
está pronta:
uma foto,
um lápis
e um caderninho
de anotações.
Partindo sem
explicações
ou sinais.
Rumo incerto
e improvável
retorno.
Sem rumo
ou ideia
alguma
desço a ladeira
coberta de pedras.
Carrego um
rochedo
maior
preso
nas costas
e outro na
alma.

terça-feira, 5 de março de 2013

Poema sincero

Ouço o riso
fácil do louco
Os gritos
sinceros
das celas.
A beleza
da verdade
furando o ar.
Antes a verdade
do desvairado,
a dura
verdade
que a loucura
imprime.
Que as sinceras
mentiras
contadas
embaixo dos
lençóis.
Suas mãos fogem
escondem-se
nos bolsos
Como seus olhos
correm:
nos outros olhares
nos outros bustos
nas outras ancas.
Apunhalando
de frente
os meus brios
fazendo-me
rubra
tresloucada
infame
monstruosamente
emulada.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Modernidade

Da varanda
observo os passantes
que solitariamente
              Caminham

Noites cheias de estrelas
e romantismo barato
perfeito pra bater a solidão
                               sem querer

Quero antes a embriaguez
do vinho caro
que comprei sem o preço
                                              saber



Tempos modernos

Doroteia quer um homem
pra chamar de seu.
Um exemplar simples
desses que andam
pela agitação da cidade.
Com um peito
forte que suporte sua cabeça
e uma mão firme
que ampare suas quedas.
Não há exigências
muito rigorosas:
basta ser homem,
de verdade,
desses que suporte o peso
da vida.
Não precisa ser
um príncipe
em um cavalo branco.
Basta ter segurança
nos gestos.
Doroteia sonha
em ter seus filhos
numa casinha branca
com grama verde.
Enquanto a grama
não nasce
Doroteia acorda
cedo e enfrenta
seus ônibus.
Tropeça e segura nos muros.
Dorme sobre o travesseiro.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

quieto assim,
deitado, suspirando fundo
não oferece perigo,
com as janelas
da alma
serradas:
tão ameno,
meigo,
sorriso sutil
no canto da boca.
se virasse ao
avesso
poderia se
ver o
verso
vil,
torpe,
salaz.
o fio grosso
do tripúdio
escorre pelo
corpo
ardente,
volutuoso
sonho.








segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Está sempre mentindo
Enganando a si mesmo,
Romeu.
Mentes.
Anda devagar 
pelas vielas
e mentes.
Só engana a si mesmo
Conversas furtivas
soltas no ar.
Alguém pescou
Fora descoberto
Aflora mente 
insana.
Fuma teu cigarro
e vai descendo 
a viela rumo ao teu destino
Continua
Mentindo.
Trêmulas mãos
gesticulam
Para inventar
mais desculpas.
Não cola:
seus olhos mentem
Sua boca profana 
mente.
Até a fumaça
de teu cigarro
Mente.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Poema Confesso

O teclado acaricia
o dedo.
Carícia,
doce palavra.
Dedos emaranhados,
impuros.
Provocação da glote,
Entorpece os dois
lados do crânio,
Formiga o lábio,
Enjoo...
Penso sempre
que mente:
para você
e para mim.
Sei a verdade
mas não digo.
A palavra
é profana
como o
ato que ela
anuncia.
Verbo de ligação
mas me libertando.
Poema tão confuso
quanto quem lê.






quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Poeta sem face

Não me lembro
que rosto tinha
o ano passado.
Se este aqui
que me fita
no espelho
é o mesmo da foto
na parede.
Sei não.
Irreconhecíveis marcas
brotaram.
Desconfio desse rosto
que me olha
Sem nunca dormir.


Soluços sufocantes
estrugem pelo quarto vazio.
Cama e tapetes
vazios.
Tempo- espaço
corpo-alma
vazios.



Estalou direto no rosto
Não era estalo de beijo
como acostumara ouvir.
Não era estalo de voz
que sussurra doces palavras.
Era mesmo estalo de mão
estalo de acordar para vida.
Era mesmo bofetada
da tal vida.
Chibatada de carrasco
no meio do lombo
da escrava.
Era estalo repetido
estalo já bem conhecido.
Estalo com som de lágrima.
Estado com som de adeus.

Poema Tristonho

Água, elemento vazio.
Estalactites pendidas
pela marmórea face.
Pálida lua sob
a cabeça
faz sombra.
Receita de brevidade:
fugaz passagem pela vida.
O livro de anotações
manchado na bancada
da copa.
Caiu a gota
derradeira.