terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Modernidade

Da varanda
observo os passantes
que solitariamente
              Caminham

Noites cheias de estrelas
e romantismo barato
perfeito pra bater a solidão
                               sem querer

Quero antes a embriaguez
do vinho caro
que comprei sem o preço
                                              saber



Tempos modernos

Doroteia quer um homem
pra chamar de seu.
Um exemplar simples
desses que andam
pela agitação da cidade.
Com um peito
forte que suporte sua cabeça
e uma mão firme
que ampare suas quedas.
Não há exigências
muito rigorosas:
basta ser homem,
de verdade,
desses que suporte o peso
da vida.
Não precisa ser
um príncipe
em um cavalo branco.
Basta ter segurança
nos gestos.
Doroteia sonha
em ter seus filhos
numa casinha branca
com grama verde.
Enquanto a grama
não nasce
Doroteia acorda
cedo e enfrenta
seus ônibus.
Tropeça e segura nos muros.
Dorme sobre o travesseiro.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

quieto assim,
deitado, suspirando fundo
não oferece perigo,
com as janelas
da alma
serradas:
tão ameno,
meigo,
sorriso sutil
no canto da boca.
se virasse ao
avesso
poderia se
ver o
verso
vil,
torpe,
salaz.
o fio grosso
do tripúdio
escorre pelo
corpo
ardente,
volutuoso
sonho.








segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Está sempre mentindo
Enganando a si mesmo,
Romeu.
Mentes.
Anda devagar 
pelas vielas
e mentes.
Só engana a si mesmo
Conversas furtivas
soltas no ar.
Alguém pescou
Fora descoberto
Aflora mente 
insana.
Fuma teu cigarro
e vai descendo 
a viela rumo ao teu destino
Continua
Mentindo.
Trêmulas mãos
gesticulam
Para inventar
mais desculpas.
Não cola:
seus olhos mentem
Sua boca profana 
mente.
Até a fumaça
de teu cigarro
Mente.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Poema Confesso

O teclado acaricia
o dedo.
Carícia,
doce palavra.
Dedos emaranhados,
impuros.
Provocação da glote,
Entorpece os dois
lados do crânio,
Formiga o lábio,
Enjoo...
Penso sempre
que mente:
para você
e para mim.
Sei a verdade
mas não digo.
A palavra
é profana
como o
ato que ela
anuncia.
Verbo de ligação
mas me libertando.
Poema tão confuso
quanto quem lê.