quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Da acidez mais aguda
não se iluda
não provoque
não aguce
não faça troça
Põe a luva
Capa de chuva
bota galocha.
E vem pra festa.


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pseudo Poema II

Encaixes que
não se encaixam.
Folhas em branco que
não aceitam tinta.
O que restou.
Quebra cabeça
faltando peça.
Mistura ruim de
outras pessoas.
Encaixes tortos
corpos mortos.

Contra
contra
contra.
Nada a meu favor
Objeto de defesa
sem peso.
Testemunhas mortas
advogados presos
nos ônibus
sacolejam.

Grades
pássaros no céu
deslumbre.
Mãos
que não
se encaixam.





terça-feira, 21 de agosto de 2012

Claro enigma, Drummond.
Enigma de meias palavras
palavras de meias pessoas
enigma de dentro pra fora.

Claro Drummond, enigma.
Drummond de meias palavras
Drummond de pessoas inteiras
Drummond de dentro pra fora.

Enigma? Claro, Drummond!
Gosto da palavra final
soa bem aos ouvidos.
É presságio de novidade,
é início ao contrário,
é descanso de trabalho,
conclusão de etapa.
Três letras decisivas
fim.

Pseudo Poema I

Tem razão
a Razão
quando
sem razão
briga com
a Emoção,
esta tola
sem noção.

que venha
todas as mãos
e lacre com 
sulfitão
a veia do coração
que leva força
à emoção.

Com tantas
rimas em "ão"
nenhuma emoção
e muito menos razão
fecho a porta da canção
e jogo a chave no chão.


Ar
Seco
Seco
Seco
as entranhas estão
Secas
boca e pele
Secas
Máquina de produção
artificial
Mala direta no e-mail
Noticiário banal
vida tocada a sorteio
nada mais que o normal
mal
mal
mal
Carro correndo
sem freio
Pés cortados
no sal
Um pouco de
devaneio
Correndo pelo quintal
Vento soprando
no seio
Pássaros voando,
Pombal
de vodca um gole
e meio.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Maus presságios  batem à porta
e ventos secos sopram pelas  ruas.
É chegada a hora
a infinita hora
a estranheza da divisão
e o desapego a todo bem.
Nem todas as palavras
são capazes de dizer
e os gestos não cabem
nesse diálogo.
Só o silêncio,
Necessário,
indispensável.
Um segundo infinito
repassa o filme da vida.
Abraço
Seco e simples
Abraço, um único.
Olhos fixos no chão
e vontade de falar engolida.








quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Romeu, sujeito sisudo
sempre olhando de canto
esgueirando-se pelas paredes.
Romeu, quase um inseto
ligeiro, voraz, invisível.
Invade facilmente os espaços
como a poeira fina e leve.
Sombrio, às vezes, leviano.
Quase sempre ausente do mundo
Cria seu mundo próprio
Uma realidade paralela
muito aquém da Terra.
Sonho, realidade
não sabe mais definir
Romeu sozinho
sentado sob o sol.
Saiu das sombras um instante
e sentiu a pele queimar.
Como o toco do cigarro
queimando os dedos.
Tocou em flores,
enormes árvores amareladas
delicadas, coloridas,
mais que podia suportar.
Romeu voltou às sombras
para os becos, as vielas
trancou-se: cerrou portas
e janelas.