sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Por entre dedos
Escorre a força,
A magia da vida.
Escorre seu líquido
Espesso e visceral.
Escorre a dignidade
A esperança do porvir.
Escorro com pele,
Sangue e saliva.
Escorre seu desejo,
Espalha sua lascívia.
Por entre dedos
Vejo seus olhos.
De mistério e medo.
Sua boca de palavras
Estranhas e confusas.
Seus sins e nãos
Por entre dedos...

Pele estica,
Cabelos crescem
Unhas se regeneram
A cada ciclo.
Sinto a dor da ancestralidade:
O arrepio de medo
E sufoco
Desse corpo feminino.
Os sentidos reconhecem
Cada parte torturada,
Cada cabeça decaptada,
Milhares de corpos queimados.
Sinto a dor das ancestrais,
Das guerreiras do passado.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Ouvir música,
afundar o rosto no cobertor
Pra tentar esquecer:
A tarde
O dia
A vida.
Nem sei o que...
Chorar baixinho,
Verter água até secar.
Depois, acordar.
Sorrir.
Ciclo infinito:
Viver, desviver, reviver.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Antes eu chorava,
E, agora, não  durmo.
Alma rígida.
Petrificada cada gota.
Rosto de mármore.
Sofrer já  não  é  permitido.
Omito dores,
Troco as máscaras
E sigo de queixo  em riste.

Janeiro

O ano iniciou mais lento
Mais sombrio,
Insustentável...
Janelas abertas
Para ver o sol.
Adega aberta
Para suportar
Mais uma manhã.
Janeiro chegou:
Sorrateiro,
Úmido,
Apavorante.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Janeiro de 2019

Os dias escorrem pelas crateras da rua
Entre galhos e folhas secas.
Janeiro chegou sorrateiro
E decepcionante.
Estáticas,  as horas espiam
Meus olhos
Carregados de gotas flutuantes.
Corro os dedos sob a tela fria
São palavras:
Coisas não ditas,
Figuras que nada dizem.
Janeiro chegou:
Úmido,
Silencioso,
Apavorante.