quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Amanheceu um naco
de poesia em meu travesseiro,
rolando molemente
em meu colchão.
Sem preocupação
de tempo,
espaço ou
rima

Amanheceu poesia
de olhos dengosos
e sorriso meloso.
Amanheci-me:
doce,
feroz,
mais minha.

Sonhos não há mais
Nem dor ou planos
De um futuro bom.
Apenas restou
A vida descendo
Ladeira abaixo.
Bestificada,
Insurrecta,
Soprando vento

E luz em meus cabelos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Em dias de profundas
necessidades nômades:
Mudar as coisas de lugar
quando se quer
mudar-se inteira.

Desejos de super
poderes, para trasportar-me
de corpo e alma para a lua
ou um outro lugar qualquer,

Desejos de possuir
uma Voyager
e desaparecer no escuro
do infinito.




sexta-feira, 25 de setembro de 2015

A poesia nunca me abandona.
A poesia persiste.
Rimbaud sempre
me espera,
em seu barco embriagado.
Sob o móvel,
desesperado e
ácido, Baudelaire
me chama,
com dedo em riste
sussurrando
obscenidades
me levando à cama.


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Insônia

Palavras
perderam-se
por entre as paredes
do quarto.
Respiração profunda
e olhos fundos
perpetuam-se
pela noite.
Calor de
40 e tantos graus.
E um punhado
de livros empilhados
ao canto.
O poema amarelado
aberto há três dias
gritando palavras
ao vento.
Um poema
Destruiu o mundo.
Poema escrito
com sangue nas paredes.
Verso-poesia-morta.
Mente-fecunda-torta.
Poeta maldito
condenado a pagar
300 francos
por ser imoral.
Sinto o sangue
passar pelas veias
ligeiro.
Ferver em brasas:
a cama, o lençol
a alma.
Sade em alta resolução
passeando diante
dos olhos.
Safo espalhada
pelo chão entre
suor, lágrimas
e outros fluidos
viscosos.
Poesia,
proibida
Poesia.







quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Pessoas estão sentindo tantas coisas nas redes sociais:
sentindo apaixonado, triste, amando, sendo amada, com raiva...
Inúmeros sentimentos passando na tela luminosa.
Por outro lado,
Nem sei se sinto.
Acho que sinto muito.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A longa espera
no portão de madeira,
ainda
fitando a figura de
olhos fundos
desaparecer
entre a poeira da estrada.
Dorotéia não sorriu,
não chorou,
seguiu absorta
o traçado do Destino.
Arrastou seus chinelos
por longa estrada
até roer-lhes os
calcanhares,
em viva carne
pele e osso
as dores
sem cessar.




segunda-feira, 4 de maio de 2015

Dorotéia recomeçou
a vida:
Casou, amou,
talvez até
tivesse filhos.
Mas, também
dúvidas.
Guarda em um
recanto escondido
fotos, cartas,
presentes secretos.
Pedacinhos do passado.
Amou de novo, talvez.
Mas ainda espera
à janela
o dia de fitar
aqueles olhos.
Sabores da vida
desses que nunca se esquece
pequenas gotas de algum
delicioso gosto.
Cá pra mim,
deve ser assim
esse gosto.
O gosto do
que ainda não foi
provado.
Com pitada
de frutas silvestres
e cheiro de mato.

terça-feira, 17 de março de 2015

Longas, seguiam
as apressadas pernas.
A silhueta esguia
de braços igualmente longos.
Elegante balé de pernas e braços
Rápido.
Virando as esquinas
estridente sapateado.
Os passos insistiam
em perambular
pelas vielas.
Enquanto, os pensamentos
flutuavam por outras
órbitas.
Até gastarem-se
as borrachas dos passos.
Caminhou.
E perder-se as
solas dos pés.
E sangrar-se
os sapatos.
Romeu em
doces transtornos
noturnos, caminhou.

segunda-feira, 9 de março de 2015

E de poesia se fez o ar
e completou o tempo,
purificou as águas
e suspendeu-se o mar.
Flutuaram as penas
soprou-se o vento
iniciou-se o tormento
orvalhou  o luar.