terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Tempos modernos

Doroteia quer um homem
pra chamar de seu.
Um exemplar simples
desses que andam
pela agitação da cidade.
Com um peito
forte que suporte sua cabeça
e uma mão firme
que ampare suas quedas.
Não há exigências
muito rigorosas:
basta ser homem,
de verdade,
desses que suporte o peso
da vida.
Não precisa ser
um príncipe
em um cavalo branco.
Basta ter segurança
nos gestos.
Doroteia sonha
em ter seus filhos
numa casinha branca
com grama verde.
Enquanto a grama
não nasce
Doroteia acorda
cedo e enfrenta
seus ônibus.
Tropeça e segura nos muros.
Dorme sobre o travesseiro.

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