terça-feira, 21 de junho de 2022

As cartas de amor que escrevi,

as que guardei em cofrinhos secretos,

as que criei embaixo do chuveiro e

nunca transferi ao papel.

As cartas de puro amor que recebi,

de palavras eloquentes e juras febris.

As cartas de amor que queimei

sem nunca enviar,

as que li e reli de olhos úmidos.

As que pressionei entre falanges,

causando castigo às palavras inocentes

que escorriam entre os dedos.

São a medida da alma,

as palavras são como a espuma que escorre

no banho, brumosa e límpida, 

espiral rumo ao ralo.

O que importa se não as escrevi?

Ou se não as enviei?

Ou se as camuflei em poemas dispersos?

Importa a mim sentir: 

que sou feita de pele,

osso e carne trêmula!

Movida a sonhos e talhada em desejos.





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