O Poeta morreu numa tarde de
outubro. Encontraram seu corpo por acaso na margem da lagoa de água turva. Sua
insignificante existência extinguia-se ali. Poeta de sonetos de rimas pobres e
poemetos menores. Apagou-se o facho de luz da sua vela vermelha. Deixou uma
pequena carta de despedida sobre um móvel velho de seu quarto, mas ninguém
havia lido seus últimos escritos. Pediu um epitáfio aos amigos, porém não se
encontrou ninguém para fazê-lo. No velório do poeta, um caixão negro de
arabescos marrons e uma velha senhora de lenço na mão lacrimejava de uma
tristeza profunda. Na última linha de sua carta dizia: "Foi poeta, triste,
vagabundo e sem valor, morreu de maneira vil, amando quem nunca o amou".
Nenhum comentário:
Postar um comentário