Apontava, na
entrada do portão, uma flor amarela. Timidamente, nascia com suas pétalas
invasoras. O homenzinho de macacão sujo e esverdeado, caminhava com sua
espátula sempre em punho, quando parou diante do portão. Observou por um
instante aquela amostra de uma teimosia insistente. Outra vez, lá estava, com
suas pequenas pétalas brotando do chão.
O homenzinho
abriu um sorriso curto: “aí está você de novo”, pensou. Abaixou-se. Meteu sua
espátula em volta da planta e arrancou-a pela raiz. Tomou seu frágil caule
envolto em um montinho de terra e enquanto apertava-a, entre seus dedos, foi
caminhando. Aqueles dedos grossos cheios de marcas do trabalho. Mãos pequenas e
castigadas. Precisas.
Largou-a
num canto. E colocou-se a cavar. Enfiava a espátula na terra e arrancava montes
e montes e com as mãos ia ajeitando a cova. Tomou a flor
mais uma vez em suas mãos, depositou-a lá dentro. Cobriu-a com uma grande
quantidade de terra. Chacoalhou um punhado de água sobre ela e saiu. Assoviando,
deslizou passo a passo pelo corredor tocando as pernas sujas do macacão em
centenas de pétalas que se seguiam por todo o jardim, insistentemente.
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